In-Ser-Vível é um espetáculo que desenvolve o dilema da construção social feminina, a padronização de corpos e o sufocamento e apagamento das individualidades da mulher. Entrepassa os caminhos que a mulher percorre de seu nascimento e já aprisionamento em um sistema que a silencia, exclui e a padroniza até o seu despertar do que não a cabe, não a serve, não a veste, não a representa, do que não é.
Inservível nasce da inquietação de três mulheres - com corpos e recortes distintos - a respeito da padronização desses, do sistema negar, sufocar e mutilar todos outros corpos que não sejam o que ele chama de ideal. Agonia, sufocamento, desespero, medo e repressão acompanham sem pausa a mulher em sua vida e essa busca incessante e insustentável pelo enquadramento num corpo inalcançável é vestida na mulher desde seu nascimento e dilata e se tonifica nessas inúmeras lutas psicológicas e físicas para chegar num lugar onde ela não é. O despertar do não pertencer, não servir e não caber nesse enroupar do corpo é doloroso, difícil e infindável e esse processo reflexivo de questionamento, descobrimento e autoconhecimento é extremamente único e singular, mesmo que o prelúdio desse movimento seja desencadeado por uma rede de apoio de mulheres que também busquem esses processos, ele é seu, com seus recortes, suas realidades, suas marcas, suas cicatrizes, suas singularidades, seu corpo. SEU. Para que despertas, possamos desadormecer outras mulheres para que se tornem inservíveis.